Pardo de Vera temia que as obras manipuladas de Koldo fossem detectadas: "Ele vai cantar".

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Pardo de Vera temia que as obras manipuladas de Koldo fossem detectadas: "Ele vai cantar".

Pardo de Vera temia que as obras manipuladas de Koldo fossem detectadas: "Ele vai cantar".

O relatório da Unidade Operacional (UCO) que levou à busca na casa de Isabel Pardo de Vera na semana passada identifica o ex-presidente da Adif como a pessoa a quem Koldo García teria recorrido "repetidamente" para intervir na adjudicação de contratos em favor das construtoras Acciona e LIC (Levantina Engenharia e Construção) durante o mandato de José Luis Ábalos à frente do Ministério dos Transportes. Em uma dessas ocasiões, o ex-motorista do ministro solicitou a Pardo de Vera que adjudicasse um projeto de emergência à LIC, ao que o ex-presidente ressaltou que a empresa havia sido recentemente adjudicatária de um concurso de emergência e, portanto, adjudicá-la a outro tão rapidamente seria uma "vantagem". Apesar dos temores de que a suposta manipulação fosse descoberta, apenas um mês depois, a Adif propôs diretamente a LIC como contratada para um projeto de emergência no valor de € 592.053.

A trajetória judicial de Pardo de Vera é complexa. Com este relatório em mãos, o Juiz Ismael Moreno, do Tribunal Nacional, autorizou a Guarda Civil a realizar buscas em sua casa, expedindo um mandado de prisão contra ela por cinco crimes: apropriação indébita de verbas públicas, corrupção passiva, tráfico de influência, prevaricação e participação em organização criminosa. A ex-presidente da Adif também está sendo investigada pela suposta contratação irregular da ex-namorada de Ábalos, Jéssica Rodríguez. Ela enfrentará Moreno em 21 de julho, que a intimou como suspeita de seu suposto envolvimento em adjudicações indevidas de contratos.

No relatório de 15 páginas, ao qual La Vanguardia teve acesso, a UCO (Universidade Central da Catalunha) compila múltiplas pistas contra Pardo de Vera — bem como contra Javier Herrero, ex-diretor-geral de Estradas. O ex-diretor da Adif trocou informações sobre projetos que agora estão sob suspeita. Em 28 de janeiro de 2019, o ex-assessor de Ábalos enviou a ela uma imagem com os resultados das propostas apresentadas para uma licitação de obras relacionadas à construção da linha de alta velocidade para a Extremadura. Nessa imagem, a linha correspondente ao resultado da joint venture CTNES Pérez Jiménez SL e OPR foi destacada em amarelo fluorescente, e a proposta da Acciona foi destacada em um tom mais claro. Duas horas depois, García expressou seu descontentamento com a empresa que havia obtido a maior pontuação: "Isso nos incomoda um pouco". Pardo de Vera perguntou sobre o marcador de texto da joint venture da qual a OPR participa, e García respondeu que era "um disfarce".

Em relação ao projeto de construção para a integração da ferrovia em Sant Feliú de Llobregat — avaliado em € 71,5 milhões — Pardo de Vera escreveu ao ex-assessor de Ábalos em 30 de maio de 2019 para informá-lo dos resultados das propostas econômicas para "Sant Feliu". Nesse mesmo dia, segundo a UCO, os envelopes avaliáveis ​​foram abertos, com a Acciona ficando em nono lugar. Em relação à pontuação técnica, a Acciona obteve a pontuação mais alta, vencendo o contrato.

Segundo a UCO, essas "intervenções específicas" de Pardo de Vera "para favorecer certas construtoras" devem ser entendidas em conjunto com trechos de uma conversa entre Ábalos e García, da qual se deduz a "notória discrição" na adjudicação de obras públicas. "Observou-se como García afirmou ter dado instruções a Pardo de Vera para adjudicar determinados contratos ou como García chegou a admitir que daria a ordem a Pardo de Vera, Javier Herrero ou Víctor de Aldama."

O juiz Ismael Moreno, que por ora apoia a posição da Guarda Civil, destaca em sua decisão o "interesse" do ex-secretário de organização do PSOE, Santos Cerdán — preso preventivamente por ordem do Supremo Tribunal — em promover Pardo de Vera, embora isso só tenha acontecido depois da deposição de Ábalos por Pedro Sánchez durante a crise governamental de 2021. Com ele, García também deixou o Ministério.

Na mesma linha, o relatório destaca o "interesse" de Cerdán e García em colocar Herrero em cargos importantes. O UCO também aponta que Koldo supostamente usou Herrero "repetidamente" para favorecer a Acciona, a LIC e a OPR (Obras Públicas e Irrigação). Especificamente, um projeto na Ponte Quinto Centenário em Sevilha (€ 71,4 milhões), um projeto na rodovia A-63 nas Astúrias e operações de manutenção de estradas em Teruel.

Durante a busca na casa de Pardo de Vera, os policiais encontraram um documento da Adif referente ao fornecimento de cinco milhões de máscaras durante a pandemia. O UCO copiou o conteúdo do e-mail e da pasta do Dropbox de Pardo de Vera, bem como de suas conversas no WhatsApp com o marido, que estava presente durante a busca. Na casa de Herrero, a Guarda Civil encontrou € 4.750 em dinheiro.

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